Ontem à tarde, sábado, dia 23,
realizou-se uma homenagem póstuma à memória de dois falecidos dirigentes da
Associação de Moradores – José Augusto da Silva Oliveira Magalhães e Nuno Rocha
de Freitas – com o descerramento pelas suas esposas, senhoras Maria de Lurdes e Aida de Freitas, de fotos emolduradas na
sala de convívio, na presença de familiares e amigos dos falecidos, Ilda Garrett,
representante da União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e
Cacilhas, e ainda associados e membros dos corpos sociais da Associação, tendo, a abrir a sessão, o
presidente da Direcção, Joaquim Mário Vieira da Cunha, proferido a intervenção
que abaixo transcrevemos, muito aplaudida pelos presentes, tendo também sido
oferecidas, após o descerramento, réplicas das mesmas fotos e ramos de flores
às esposas dos homenageados.
«Encontramo-nos
hoje aqui reunidos para prestar homenagem à memória de dois falecidos e
saudosos dirigentes da antiga Comissão de Moradores do Bairro do Matadouro,
criada no dia 1 de Maio de 1975 para lutar contra as insuficiências
urbanísticas e carências sociais da zona do Bairro, e dirigentes também desta
Associação de Moradores que lhe sucedeu em 19 de Novembro de 1997 — José Augusto da Silva Oliveira Magalhães e
Nuno Rocha de Freitas, com o descerramento das suas fotografias nesta Sala de
Convívio.
«A todos
agradeço a vossa presença em nome dos corpos gerentes da Associação de
Moradores. Aos familiares do José Augusto e do Nuno, principalmente às suas
esposas e filhos, que mais se viram desapossados dos seus queridos maridos e
pais, pelas suas entregas às actividades voluntárias na Comissão e na
Associação de Moradores, o nosso especial obrigado e a nossa infinita gratidão
e estima.
«José Augusto da
Silva Oliveira Magalhães foi um dos fundadores e o principal impulsionador nos
primeiros vinte e tal anos da Comissão de Moradores e desta Associação,
acompanhado por outros camaradas, como Nuno Rocha de Freitas, ao longo de mais
de três décadas de entrega solidária ao serviço da nossa comunidade, onde
salientamos os trabalhos de asfaltamento das pracetas do bairro, até aí em
terra batida, e da construção da inexistente rede de esgotos de águas pluviais
pela Câmara Municipal de Almada; a ocupação de cinco quintas da zona, falidas e
desabitadas e pertencentes ao Estado através da nacionalização dos bancos, para
o alojamento urgente de famílias portuguesas e de naturais das ex-colónias que
chegavam às centenas todos os dias ao nosso País; o arranjo de pequenas obras
nas casas de moradores pobres do Valdeão, Penajoia e Olho de Vidro, todos há
mais de vinte anos realojados no Plano Integrado de Almada, com o activo
empenhamento e luta da população carenciada, da Comissão de Moradores e da CMA;
a alfabetização de adultos residentes no bairro e nas quintas; a promoção de
provas desportivas, teatro e marchas populares para ocupação dos tempos livres
da juventude; a primeira construção da Escola Básica e Jardim de Infância do
Bairro do Matadouro, inaugurada em Outubro de 1976, onde hoje é o
Hospital; a realização das Festas
Populares do Bairro do Matadouro; a construção do ringue polivalente, do
edifício de apoio e das instalações da Comissão de Moradores, e ainda a
participação na luta pela construção do Hospital Garcia de Orta e do Posto de
Saúde e na criação da Freguesia do
Pragal, esta última criminosamente extinta no passado mês de Setembro por este
Governo antidemocrático suportado pelo PSD-CDS que, servindo interesses
nacionais e estrangeiros afectos à alta finança e à ladroagem interna dos seus
partidos, cada dia que passa nos desgoverna e mais afunda o nosso País no
desemprego, na falência das empresas, na fome, nos cortes dos salários e das
pensões e reformas, no aumento das rendas de casa, nas falências das famílias e
subsequente entrega das casas aos bancos, na degradação das condições de saúde,
de ensino e de vida dos portugueses jovens e menos jovens que aos milhares
todos os meses se vêem obrigados a procurar melhores condições de vida e de
trabalho no estrangeiro, empobrecendo com esta sangria diária o que de mais
valioso em termos sociais tinha e tem o país: a juventude que saiu das nossas
universidades nos últimos anos, profissional e cientificamente mais preparada
de sempre.
«Contra todas
estas adversidades que actualmente a nossa sociedade atravessa e por um Governo
que proporcionasse ao Povo português boas condições de vida, de trabalho, de
ensino e de saúde lutaram activamente, nos campos político, autárquico, social
e cívico, os nossos homenageados José Augusto da Silva Oliveira Magalhães e
Nuno Rocha de Freitas.
«Saibamos nós,
actuais e futuros dirigentes e associados desta Associação de Moradores, honrar
e fazer honrar a memória e os exemplos de vida e de dedicação voluntária ao
Associativismo e à defesa do Portugal democrático dos nossos homenageados, e
lutar afincadamente como eles lutaram para que a defesa das conquistas do 25 de
Abril não se percam nesta voragem reaccionária e neoliberal que atravessa a
Europa, e pretende destruir o Estado Social conquistado pelos trabalhadores
portugueses após a Revolução dos Cravos.
«Nunca vos
esqueceremos, Amigos e Camaradas José Augusto da Silva Oliveira Magalhães e
Nuno Rocha de Freitas. Continuareis sempre nos nossos corações e pensamentos.
Até sempre!»